Brocador no São Paulo: ignorado
por quatro anos e sem jogos no currículo
Artilheiro do Brasil em 2013,
Hernane sequer sentou no banco de reservas pelo Tricolor. Nesta quarta-feira,
em Itu, pode se ‘vingar’ agora pelo Fla
Hernane vive aos 27 anos uma
temporada de sonhos. Decisivo na reação do Flamengo, o centroavante aparece
como um dos goleadores em todos os torneios que disputou e ainda lidera a briga
pelo posto de Artilheiro do Ano, com 33 marcados. Mas o sucesso obtido no
Flamengo poderia ter acontecido no adversário desta quarta-feira, às 21h50m, em
Itu. Antes de virar o Brocador no Rubro-Negro, o atacante passou quatro
temporadas praticamente esquecido no São Paulo.
Hernane chegou ao Tricolor no
fim de 2007 depois de se destacar jogando a Quarta Divisão do Campeonato
Paulista pelo Atibaia. Com 21 anos e 13 gols marcados no torneio, o grandalhão
chamou a atenção do clube do Morumbi como uma promessa para o futuro, mas
esbarrou na falta de oportunidades e só conseguiu espaço quando foi embora.
Mesmo com a idade acima do
permitido, o atacante passou um longo período treinando nos juniores. Como não
poderia disputar torneios da base, ele integrava a equipe chamada pelos
dirigentes de “Super 20”, um combinado de atletas com a idade estourada e que
não seria aproveitado pelo técnico Muricy Ramalho.
O time disputava partidas
amistosas e fazia excursões pelo exterior. Só quem brilhasse teria uma chance
nos profissionais, casos de Hernanes, do Lazio, e Jean, do Fluminense. Os
demais permaneciam jogando partidas não-oficiais até serem emprestados ou
negociados.
Alguns jogadores demoram mais
para estourar. É preciso ter paciência. Por isso, sou francamente a favor de um
time B. Cabe ao clube ter visão de futuro para aproveitá-los"
Marco A. Cunha, ex-superintendente
do São Paulo, sobre Hernane
– Eu até operei um neuroma que
ele tinha no pé. Não sei o que aconteceu. Alguns jogadores demoram mais para
estourar. É preciso ter paciência. Por isso, sou francamente a favor de um time
B. Cabe ao clube ter visão de futuro para aproveitá-los – afirmou Marco Aurélio
Cunha, ex-superintendente de futebol do São Paulo na ocasião.
O máximo que Hernane conseguiu
foi ser relacionado para um jogo, no dia 21 de fevereiro de 2008. O sonho de
estrear com a camisa tricolor, porém, não durou mais do que uma noite. Ele
dormiu na concentração com o elenco, mas acabou cortado por Muricy momentos
antes da partida. Horas depois, o São Paulo venceu o Paulista por 2 a 1, no
Morumbi, pelo estadual.
A concorrência também era
pesada. Muricy sempre deu preferência a jogadores com mais experiência, principalmente
durante a fase em que o São Paulo não economizava para buscar o tricampeonato
nacional. O técnico tinha como opções Borges, Aloísio, Dagoberto, Éder Luis e
André Lima.
Sem espaço no grupo, Hernane
acabou retornando às categorias de base e iniciou uma verdadeira peregrinação
por clubes menores. Mesmo assim, seguia vinculado ao São Paulo e com a
esperança de retornar para ter mais chances de atuar. Nada disso aconteceu.
Em 2008, defendeu o Rio
Preto-SP. Um ano depois, o Toledo-PR e mais tarde o Paulista. Nem mesmo a saída
de Muricy modificou o cenário. Ele também seguiu fora dos planos nas passagens
de Ricardo Gomes, Paulo César Carpegiani e Adilson Batista, além de Sérgio
Baresi e Milton Cruz.
O atacante deixou
definitivamente o São Paulo em 2011 para atuar pelo Paraná na Série B do
Campeonato Brasileiro. Em seguida, jogou pelo Mogi Mirim, onde fez 16 gols no
Paulistão de 2012 e partiu para assinar com o Flamengo.
Curiosamente, o São Paulo
passou toda a temporada 2013 com problemas para fixar um centroavante. Luis
Fabiano não consegue repetir as exibições de outros anos e caiu em desgraça.
Aloísio se firmou apenas nos últimos dois meses, mas está longe de ser um goleador.
Eles fizeram 21 gols cada no ano. Número distante dos 33 de Hernane. O
Brocador, antes ignorado, hoje faz falta ao Tricolor.
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