sábado, 29 de outubro de 2011

DÁ-LHE... R 10...?


De herói a vilão: R10 repete no Sul a história de outros ídolos vaiados
Bebeto, Romário, Edmundo e Ronaldo foram hostilizados em jogos que envolveram a torcida rubro-negra. Casagrande e Pet são exceções
“Você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão”. O refrão de “Vou Festejar”, samba composto por Jorge Aragão e consagrado na voz de Beth Carvalho, foi a trilha sonora escolhida pelos gremistas para receber Ronaldinho neste domingo. Dez anos depois, o craque voltará ao Olímpico. Na antiga casa, no lar que foi dele, será um visitante nada bem-vindo. A torcida do Grêmio - a estimativa é de 45 mil pessoas - vai marcar o craque do Flamengo. Por lá, ninguém esquece que ele deixou o clube em 2001 rumo à França de forma polêmica e muito menos da escolha pelo Rubro-Negro no início desta temporada. Quando decidiu voltar ao Brasil, o Tricolor abriu as portas, mas R10 entrou na Gávea.
O reencontro com clima hostil faz lembrar outros casos de vira-casacas em jogos do Flamengo. Bebeto, Romário, Edmundo e Ronaldo viveram situações parecidas com a de Ronaldinho. Ao decidirem mudar de clube, “traíram” a confiança dos torcedores e deixaram multidões magoadas.
No caso de Bebeto, os rubro-negros sentiram o que sentem os gremistas com o Gaúcho. O atacante decidiu trocar a Gávea por São Januário. Polêmica certa. A primeira vez contra o ex-clube foi inesquecível. Em novembro de 1989, Flamengo e Vasco se enfrentaram pelo Brasileirão. Comandado por Zico e Júnior, o Rubro-Negro venceu com dois gols de Bujica. Bebeto foi vaiado pela torcida do Fla e acabou expulso após se desentender com o ex-goleiro Zé Carlos, falecido em 2009. Sete anos mais tarde, em 1996, o atacante voltou ao Flamengo, mas sem muito destaque. Hoje, Bebeto é torcedor assumido do Rubro-Negro.
Com Romário aconteceu o inverso. Em maio de 1995, o Baixinho mandou o recado durante uma entrevista e recomendou que os vascaínos levassem lenços ao Maracanã em sua primeira vez contra o time de São Januário. Em jogo válido pelo octogonal final do Carioca, o camisa 11 fez o gol da vitória sobre o clube que o revelou e comemorou como se estivesse enxugando lágrimas. Sem contar aquele tradicional pedido de silêncio. Mais uma das muitas promessas cumpridas pelo Baixinho. Assim como Bebeto, Romário voltou ao Vasco no fim de 1999, depois ser dispensado pela diretoria rubro-negra em uma boate, em Caxias do Sul, após o time ser eliminado do Campeonato Brasileiro. Em São Januário, chegou ao milésimo gol da carreira, em 2007.
Edmundo não teve o bom humor do camisa 11. Na passagem frustrada pelo Flamengo, enfrentou o Vasco em outubro de 1995. O Maracanã foi novamente palco de um reencontro de um ídolo com sua ex-torcida. Hostilizado, o atacante balançou a genitália para os vascaínos no empate por 1 a 1, pelo Campeonato Brasileiro.
Ronaldo e Flamengo foi a polêmica mais recente. Uma relação que transbordou de tanto amor (ou por falta dele). Por mais de uma vez, o Fenômeno vestiu vermelho e preto, declarou-se torcedor do clube da Gávea e fez planos de defender o time nem que fosse para encerrar a carreira. No entanto, o mais perto que conseguiu chegar disso foi em 2008, quando treinou no clube na fase de recuperação de uma cirurgia no joelho. A relação entre o jogador e o clube se deteriorou a partir do momento em que ele acertou com o Corinthians, no fim daquele ano. Depois de se preparar por três meses no Fla, o atacante saiu sem dar tchau e alegou “falta de uma proposta concreta do time do seu coração”. A partir daí, foi chamado de traidor pelos torcedores e manchou a imagem com muitos flamenguistas.
A primeira vez que Ronaldo enfrentou o Flamengo no Rio foi em abril de 2010, no jogo de ida das oitavas de final da Libertadores. Um encontro cercado de hostilidade. A recepção ao craque não foi boa no Maracanã. Na chegada do Timão ao estádio, o atacante, com o rosto bem fechado, encarou os cerca de 50 torcedores que o xingavam na entrada. Balançando a cabeça, como se quisesse dizer que estava contrariado e confiante ao mesmo tempo, o Fenômeno em nenhum momento deixou de olhar nos olhos dos rubro-negros. Na descida do ônibus, ainda ouviu alguns gritos de “traveco, traveco”, em alusão ao episódio mais polêmico de sua carreira. Um grupo de seis travestis, contratados por um torcedor do Flamengo, esteve na porta do estádio, mas não esperou pela chegada do craque. Em campo, o que se viu foi um Ronaldo apagado. Adriano, de pênalti, fez o gol da vitória carioca no jogo de ida. Na volta, em São Paulo, o Fla avançou.)
Petkovic e Casagrande: exceções
Eles também mudaram de time, mas não sentiram a ira das torcidas que deixaram. O ex-atacante Casagrande, hoje comentarista da TV Globo, trocou o Corinthians pelo Flamengo em 1993. No reencontro com a Fiel, foi bem recebido e aplaudido. Curiosamente, o jogador teve uma pequena participação no gol da vitória do Timão por 1 a 0. Rivaldo, atualmente no São Paulo, cabeceou, e a bola tocou em Casagrande antes de entrar. Nas arquibancadas, os corintianos cantaram a marchinha carnavalesca: “Doutor, eu não me engano, o Casagrande é corintiano!”.
O gol de falta que deu o tricampeonato carioca ao Flamengo em 2001, na decisão contra o Vasco, cravou Petkovic na história do Rubro-Negro. Talvez por isso ele tenha sido poupado pela torcida quando mudou de lado. Em outubro de 2002, no Maracanã, Pet se destacou na vitória vascaína por 2 a 1 e não foi hostilizado. Em 2011, ele se aposentou vestido de vermelho e preto, no Engenhão, muito festejado pelos rubro-negros.
Ronaldinho sabe o que o espera, mas não demonstra qualquer tipo de sentimento especial para o jogo de domingo. A partida será às 16h (de Brasília), válida pela 32ª rodada. O Olímpico não é mais um território dele e, dependendo do que ele fizer em campo, o estrago pode ser ainda maior.

Fonte:globoesporte.com

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