sábado, 24 de setembro de 2011


O lateral que colocou Rivelino para correr jogou no Flamengo
Ramirez e Júnior, antes de jogo do Flamengo em 1977
Tudo começou em fevereiro de 1976, no jogo contra o Uruguai, em Montevidéu, válido pela Taça do Atlântico, competição disputada por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Rivellino deu um pisão em Muniz e a confusão foi formada. O jogador brasileiro acabou expulso. No jogo seguinte entre as duas equipes, no Maracanã, dois meses depois, os ânimos estavam mais exaltados quando, já no final da partida, Zico partiu driblando, deixando muitos uruguaios para trás. Só restavam dois para que o Galinho chegasse na cara do gol: Ramirez e Nil Chagas. O primeiro não teve dúvidas e deu uma entrada forte para parar a jogada. Os momentos seguintes não saem da memória de Ramirez.
 - Eu tive que parar o Zico. Dei no meio dele, fiz uma falta desqualificante mesmo. Anos depois, ele me falou que eu quase o matei, e a gente se divertia com isso. O Nil Chagas estava na sobra. Ele veio andando, se agachou e deu um chute no Zico. Formou-se aquele bolo de gente, empurrões, discussão. O Revetria estava atrás de mim e bateu no Rivellino por baixo das minhas pernas. Ele achou que fui eu e revidou, dando um soco na minha cara. Comecei a sangrar na boca. Era falta para o Brasil. Formamos a barreira. E o sangue escorrendo. O Marco Antônio bateu na trave. Eu saí logo para puxar o contra-ataque, mas o árbitro encerrou o jogo. Eu já estava lamentando a derrota quando olho para o lado e vejo o Rivellino. Tinha 24 anos, cheio de hormônio, adrenalina. Lembrei da agressão e saí correndo atrás dele - contou Ramirez.
O reencontro não demorou. Um ano depois (1977), Ramirez foi contratado pelo Flamengo, clube pelo qual guarda enorme carinho e grandes lembranças. Quando realizava exames na Gávea, a Seleção Brasileira treinava no local. Ao ver Rivellino, então craque do Fluminense, Ramirez não pensou duas vezes:
- Eu pedi desculpas para ele, disse que era romântico, que gostava de bolero, de violão. Ele me respondeu dizendo que adorava passarinhos. Nos abraçamos, foi tudo muito legal. Depois, no Fla-Flu seguinte, fomos recebidos por duas mulatas gigantescas com buquês de flores para selar a paz. Tudo na base da alegria. Quando eu saía para marcar o Riva, ouvia os gritos da geral: 'Pega ele, pega ele.' A gente achava graça. Hoje me arrependo muito daquilo. Não é meu cartão de visitas.
Pedidos para provocar Rivellino antes dos Fla-Flus
 O lateral-direito jogou com Junior, Zico e até Vanderlei Luxemburgo, entre outros. E teve que ser muito esperto para não cair nos pedidos rubro-negros de provocar Rivellino para promover os Fla-Flus.
- Na reunião para acertar os detalhes do meu contrato, o Márcio Braga (então presidente do Flamengo) me pediu para dar aquelas declarações bombásticas, dizendo que eu tinha acertado com o Flamengo para completar o que não tinha feito, tudo na base da provocação sadia para promover os jogos. Mas nunca aceitei. Num domingo chuvoso, mais e mais pedidos.
- Certa vez, o Márcio Braga, em vez de pagar bicho, ofereceu participação de 20% na renda dos jogos. Era um dinheiro bom. Teve um jogo em que o Mozer conseguiu comprar um carro. Num domingo de 1978, chovia muito de manhã no Rio. Tinha Fla-Flu horas depois. Nós estávamos na concentração, em São Conrado. Uma chuva desgraçada. Havia um posto na concentração com radialistas da Rádio Tupi e da Globo que ficavam lá. No baralho, todo mundo dizendo que ia perder muito dinheiro com a chuva, que ia pouca gente no jogo. Aí me chamaram e me disseram: você vai descer, chamar os repórteres e vai dizer que vai pegar o Rivellino no jogo. O Junior botou a maior pilha. Mas lógico que eu não falei nada. Jogamos vários Fla-Flus contra e nunca houve problema nenhum.

Fonte: flamengoeternamente

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